A Arquitetura e Simbologia de Paraty

Reportagem fotográfica elaborada por Miguel Ramos

Com uma simplicidade agradável, encantadora e descompromissada, Paraty é considerada umas das cidades com mais legados da arquitetura e simbologia colonial brasileira.

Graças à prosperidade econômica proporcionada pela produção de cana de açúcar e o escoamento do ouro, Paraty recebe seus primeiros casarões e sobrados de pedra de cal.

A maçonaria pode ser definida, em linhas gerais, como uma corrente de pensamento que almeja o equilíbrio interno e social e projeta estes princípios na arquitetura, na numerologia e na geometria. Em virtude das condições propícias, a maçonaria ganhou muita força em Paraty, exercendo significativa influência na execução de projetos arquitetônicos e movimentos sociais. Era conhecida pelos maçons como o´´porto seguro´´ da Arte Real no Brasil, tamanha sua presença.

Figura querida pelos maçons, o triângulo pode ser observado em incontáveis construções paratyenses. Simboliza o trabalho, o aprendiz e o mestre, como elementos cruciais para a firmeza, solidez e equilíbrio.

O esquadro e o compasso também são figuras relevantes para a estrutura simbólica maçônica, representando respectivamente, a busca pela perfeição (como um círculo) e a exatidão, a confiança para ser ´´reto´´. O ângulo formado pela união destes itens é de 33 graus, número carinhosamente escolhido pela maçonaria para marcar sua presença. Especula-se que o 33 seja uma alusão aos supostos anos vividos por cristo na terra.

As janelas paratyenses, à primeira vista, parecem se enquadrar no padrão da arquitetura colonial brasileira. Porém, apresentam uma peculiaridade: o espaço entre a segunda e a terceira janela é o dobro do espaço entre a primeira e a segunda, e a soma destes dois resulta no espaço entre a terceira e a quarta janela. Vale aqui novamente, a regra do 3 3 3, herança pitagórica herdada dos templos maçônicos europeus.

A escala da maioria das casas da cidade é de 1:33:33

No período colonial, a existência do ofício ´´Fiscal de Quarteirões´´ era muitíssimo comum, e para seus 31 blocos, Paraty contava com 33 fiscais.

As ruas irregulares de Paraty foram arquitetadas por um arruador conhecido como Antônio Fernandes da Silva, que alegou que o motivo destes traços era o de evitar o vento encanado nas casas, além do cunho estratégico-militar (para Antônio, em uma invasão, o povo poderia correr para o final das ruas sem o conhecimento imediato dos invasores).

O desenho das ruas fomentou a construção de colunas de pedra nas casas de esquina, que formavam um triângulo retângulo imaginário.

Se posicionado no cateto do triângulo, o observador poderá visualizar o fim das 4 ruas que o cercam. Este ponto era comum aos fiscais.

A religiosidade herdada de Portugal sempre marcou o brasil colonial, e em Paraty não foi diferente. Existem, no complexo histórico da cidade, quatro igrejas (ainda ativas), marcadas por uma tímida influência do rococó.

A igreja de Nossa Senhora dos Remédios é a maior de Paraty, e foi reconstruída e ampliada diversas vezes na história, para atender a demanda popular. Era uma igreja destinada ao público branco.

Em contraste, a igreja de Nossa Senhora do Rosário foi destinada aos negros, e é a menor de Paraty.

Têm-se ainda, a igreja de Santa Rita, que é agraciada por uma bela visão do mar , tendo sido construída para os mulatos.

A igreja ´´branca´´: Igreja de Nossa Senhora das Dores (16), que foi financiada pela aristocracia feminina, e destinada à todas as mulheres brancas.

Após o tombamento, a construção e demolição de qualquer estrutura significativa para a história de Paraty foi proibida, e as reformas fortemente regulamentadas pela prefeitura.