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Segundo estudo de competitividade do Ministério do Turismo, Paraty é a cidade brasileira que mais evoluiu em economia local entre outros 64 destinos turísticos do país.

Reportagem escrita por Mariana Catacci de Oliveira

Desde o final de 2015, quando o Ministério do Turismo, em parceria com o Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas, divulgou o resultado do crescimento da economia local de 65 destinos considerados fundamentais para o desenvolvimento turísticos do país, a cidade de Paraty tem recebido grande enfoque. Como primeira colocada no índice, Paraty atrai interesse para as suas atividades econômicas locais, que abrangem diversos aspectos da indústria do turismo, desde festivais culturais até a produção de cachaça, relacionando-os com o caráter histórico, artístico e educativo da cidade.

Desde o século XVIII, com a queda da produção aurífera, Paraty passou a investir no cultivo de cana-de-açúcar. No entanto, devido às condições climáticas da região, a cana plantada não era apropriada para a produção do melado e do açúcar e, por isso, a cidade passou a dedicar-se à fabricação artesanal de cachaça. Neste período, o município chegou a ter mais de 200 alambiques, mas atualmente conta com cinco engenhos em operação, contendo materiais artesanais como roda d’água, moenda, barris de carvalho e fogo à lenha.

Devido à sua qualidade, a cachaça de Paraty conseguiu o Selo de Procedência concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). 

No Brasil há apenas 6 produtos com o selo de Indicação de Procedência, sendo esta a primeira cachaça brasileira a receber essa certificação. Atualmente, a atividade dá origem a um dos eventos mais tradicionais e influentes na economia local da cidade, o Festival da Cachaça: Cultura e Sabores de Paraty, que já se encontra em sua 35° edição, no ano de 2017.

Além do turismo gastronômico e histórico, o município de Paraty também é positivamente reconhecido pelo investimento no turismo cultural e intelectual, sediando dois dos mais importantes festivais de literatura e fotografia do Brasil.

No ano de 2017, foram requisitadas 250 senhas que permitissem a circulação de ônibus pela cidade, durante o Festival da Cachaça. Este número não ultrapassa 6 ônibus em um dia comum em Paraty.

A FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) já se encontra em sua 15° edição e é um dos mais aguarda-dos eventos literários do país, junto à Bienal do Livro.“Tem palestra de hora em hora, tem gente que vem de longe só pra isso (FLIP).”, é o que diz Mero (63), barqueiro de Paraty. Cada edição do festival presta homenagem a um autor brasileiro, prestigiando, no ano 2017, o autor Lima Barreto. 

O evento também trouxe enfoque à questão racial e desigualdade de gênero, lançando o catálogo Intelectuais Negras Visíveis, que põe em evidência o trabalho de 120 mulheres negras.

Além da feira literária, também recebe destaque o festival de fotografia Paraty em Foco (PEF), um dos mais importantes da América Latina. Neste ano, o tema é “Fotografia: Documento e Ficção”, e em sua 13° edição, o evento homenageia o fotógrafo gaúcho Flávio Damm. As mulheres ocupam destaque nessa edição, que traz nomes renomados como Wania Corredo, Milla Dantas e Simone Marinho.

É evidente, portanto, que o crescimento da atividade econômica de Paraty está diretamente relacionado ao turismo e principalmente aos fundos arrecadados nos festivais histórico-culturais. Principalmente em um país como o Brasil, onde falta instrução, é fundamental que existam destinos turísticos onde o entretenimento encontre a cultura e a economia.

Autor (a)

Mariana Catacci

Jornalista formada na UNESP (Universidade Esta-dual Paulista)
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